Por detrás de uma viagem existe sempre uma motivação! A adrenalina sobe quando vem a vontade de conhecer novas terras, pessoas, gastronomia, costumes, maneiras de ver o mundo… seja qual for o motivo há alguns destinos que despertam emoções e encantamentos únicos.
Viajar pelas Ilhas e Vulcões do Mediterrâneo apela desde logo ao romantismo e ao espectacular pela beleza de paisagens tão díspares, como serenas ilhas rodeadas por águas límpidas e acolhedoras; e os vulcões com toda a espectacularidade da força das suas erupções que quando cessam deixam na paisagem destruição e abundantes lavas que fertilizam a terra num forte convite ao florescer e ao renascer.
Texto: Isabel Brigham Fotos: Francisco Brigham
Descobrir as ilhas e vulcões do Mediterrâneo leva-nos a conhecer sítios únicos, fascinantes e conviver com as gentes locais.
As ilhas Baleares com as suas águas quentes de um azul forte convidam desde logo a prolongados banhos.
A ilha de Palma de Maiorca, pela sua vastidão, permite escolher a tranquilidade de recantos mais isolados ou a animação de locais muito frequentados. As opções de entretenimento são muitas e é importante fazer uma visita panorâmica à ilha. Há diversas excursões disponíveis ou em alternativa optar por fazê-lo mais autonomamente alugando um carro, o que é relativamente barato. Num dia pode dar-se a volta à ilha e descobrir os seus encantos, alguns dos quais menos conhecidos e apetecíveis para explorar.
Mas se as praias de águas quentes apelam a belos banhos, a cidade de Palma convida a visitar o castelo de Bellver, no topo da colina, a cerca de 112m do nível do mar, de onde se avista o passeio marítimo, o porto e a baixa de Palma. Bellver significa “Bela Vista” e de facto o nome é bem adequado.
Nas principais ruas há muitos pontos de interesse como o Passeo Bom, o Gran Hotel, o Teatro Principal e a Rambla com o seu Típico Mercado de Flores.
Encontramos em Palma segunda maior Catedral Gótica de Espanha. Com os seus 750 anos de história é um monumento marcante.
Em La Cartuja fica um mosteiro antigo onde se libertarmos a imaginação podemos sentir a harmonia das obras de Chopin pois o músico encontrou ali o sítio ideal para durante um Inverno tocar e compor algumas das suas obras.
Uma outra forma de conhecer a ilha é atravessá-la num antigo e típico comboio eléctrico que liga Palma a Soller.
Soller é também conhecida por atrair durante o Verão escritores e artistas que aí desfrutam da tranquilidade e da forma de viver das gentes deste vale verdejante. A viagem é muito apelativa pois atravessa campos de laranjeiras, amendoeiras, alfarrobeiras, oliveiras e montanhas cobertas de pinheiros.
Mas se Maiorca tem muitos encantos, Menorca é um dos tesouros melhor guardados do Mediterrâneo, desde logo pelo seu porto natural, o segundo maior do Mundo depois de Pearl Harbour.
Menorca é especial, deslumbrante. É uma pequena ilha que convida à descoberta de cada pedaço. Não é por acaso que célebres personalidades a escolheram para aí construir as suas casas de férias!
Menorca tem uma magia que é preciso visitar para o sentir. A cada passo descobrem-se novos paraísos mas o fascínio vem sobretudo das praias de areias brancas e as águas de um profundo azul-turquesa, rodeadas pelo verde da vegetação. É tentador entrar nas águas quentes e límpidas e aí passar belos momentos.
A visita a Maó recomenda-se tal como a passagem por Fornells, uma antiga aldeia piscatória situada num porto natural com cerca de 4km de comprimento e 2km de largura. Na zona antiga destacam-se as casas caiadas de branco e a igreja dedicada a Santo António, construída no ano de 1650.
No início do porto está a torre de defesa e em La Mola o promontório de Fornells que tem um ecossistema com grande valor ecológico. Muito famosa é também a sua gastronomia, em particular o peixe e o marisco. A principal especialidade é a “Caldereta de Langosta” que acompanhada por um bom vinho neste ambiente idílico, deixa memórias para muito tempo…
Os contrastes são muitos nesta viagem e a chegada à ilha de Malta surpreende-nos. A chegada ao seu porto é seguramente uma das mais impressionantes do mundo.
A cruz de Malta é o símbolo associado á Ordem Cavaleiros de Malta (Knights Hospitaller). A cruz de oito pontas tem a forma de quatro “Vs” cada um unindo os outros no seu vértice, deixando as outras duas pontas expandir-se de forma simétrica. O seu “design” é baseado em cruzes usadas desde a Primeira Cruzada.
Quando em meados do século XVI os cavaleiros estiveram em Malta, o “design” actualmente conhecido como a “Cruz de Malta” foi associado à ilha e a cruz de Malta foi cunhada em duas mil moedas na velha moeda de Malta. Actualmente a cruz de Malta está impressa desde 2008 na parte de trás das notas de um e dois euros.
Os oito pontos dos quatro braços da cruz de Malta representavam as oito terras de origem, ou uma divisão (Langues) da Ordem dos Hospitalários:
Auvergne, Provençe, França, Aragão, Castela e Portugal, Itália, Baviera (Alemanha) e Inglaterra (com Escócia e Irlanda). Os oito pontos simbolizam as oito aspirações ou obrigações dos cavaleiros; Viver na Verdade, Ter Fé, Arrepender-se dos Pecados, Dar Prova de Humildade, Amar a Justiça, Ser Misericordioso. Ser Sincero e Incondicional e Suportar a Perseguição.
Os impressionantes bastiões de Valeta e os jardins de Upper Barraca são imperdíveis de visitar, tal como o interior da Co-Catedral de São João, onde se pode admirar a obra prima de Caravaggio e visitar o interior do Palácio Magistral com as suas soberbas tapeçarias e os seus camarotes.
Nas estreitas ruas da capital de Malta encontram-se um sem número de lojas e artesãos executando trabalhos em prata a que dificilmente conseguimos resistir pois há verdadeiras obras de arte a preços apetecíveis.
Passando através de típicas aldeias maltesas, em Cirkewwa pode-se apanhar o ferry público para Gozo, a ilha irmã de Malta. A viagem dura cerca de trinta minutos e justifica-se plenamente. Chegando ao porto de Mgarr e prosseguindo na direcção dos Templos de Ggantija em Xaghra, temos um feliz encontro com esses monumentos da cultura pré histórica.
Prosseguindo para Victória podemos visitar a capital e a Cidadela fortificada. Nada como um bom almoço num restaurante local para reequilibrar as forças antes de apanhar de novo o ferry de regresso a Malta.
Prosseguindo viagem para norte rumando à Sicília é em Catânia que temos a porta de entrada para o maior vulcão activo da Europa: o Etna.
Passando por campos verdejantes e montanhas peculiares, a estrada como que serpenteia até chegar a Monte Etna Crateri Silvestri, a cerca de 1950m do nível da água do mar. No caminho há tantos vestígios de cinza e lavas espalhadas por todo o lado que ficamos impressionados. Há casas destruídas, cobertas pela fúria do vulcão, deixando um rasto de dor e pena por quem teve que abandonar o lar e deixá-lo ao grande dono da montanha: o Etna.
Há uma vastidão de cones e crateras formadas pelas lavas endurecidas e as montanhas multicolores de diversos castanhos, pretos e cinzas contrastam com os verdes e amarelos da vegetação. A destruição da erupção vulcânica traz paralelamente fertilização para toda a montanha e a vegetação cresce velozmente querendo retomar o seu domínio!
Subindo até Messina quase tocamos a “ponta da bota”. Consegue-se a olho nu vislumbrar o lado continental de Itália.
O coração da cidade é a Praça Cairoli mas antes justifica-se uma visita ao miradouro da Igreja do Cristo Rei.
Chegados à Praça da Catedral para além da visita ao seu interior há um espectáculo com hora marcada: ao meio-dia na Torre do Relógio astronómico começa uma surpreendente parafernália de estátuas animadas representando eventos civis e religiosos da história da cidade. Tudo pára quando bem alto se ouve música a tocar, sinos, leões a rugir, figuras que andam, tocam e dançam para deleite de quem os observa.
Seguindo para um passeio panorâmico ao longo da costa norte de Messina, para admirar as belas vistas dos lagos de Ganzirri, do Estreito de Messina e do Cabo Peloro, o ponto mais próximo do continente.
A cidade de Taormina que fica a cerca de 50km é um dos mais conhecidos destinos de sol e mar do Mediterrâneo, as suas características medievais dão-lhe um especial “glamour”. Dos pontos mais altos podem observar-se deslumbrantes vistas do imponente Etna.
Os famosos limões sicilianos são a base do licor limoncello que bem fresquinho é o acompanhamento ideal para saborear os cannoli, pequeno doce típico, em forma de canudo com recheio de ricota e amêndoa. São irresistíveis e para finalizar nada como um bom café expresso. Estas pequenas grandes coisas dão mais sabor à vida!
Situada no meio do Golfo, Palermo carrega o seu nome. Outrora foi considerada uma das mais belas cidades da Europa. Foi governada por fenícios, gregos, cartagineses, romanos, árabes e normandos que deixaram marcas nos seus célebres monumentos. Palermo é depositária de uma complexidade cultural que convive em harmonia e lhe confere uma beleza misteriosa.
A via Libertà é uma das ruas mais importantes pela sua extensão, elegância das suas lojas e ser ladeada por uma fila dupla de plátanos.
Toda a cidade tem um potencial e referências históricas impressionantes que requerem tempo para serem apreciadas. São muitos os monumentos que se poderiam apontar mas como não é possível fazê-lo pois tornaria exaustiva a sua descrição, apenas se referência o Corso Vittorio Emanuele que nos conduzem aos Quatro Canti (a intersecção das quatro ruas originais de Palermo). Os quatro cantos são: quatro estátuas simbolizando as quatro estações, quatro estátuas representando os Reis espanhóis, e, ao mais alto nível, quatro estátuas femininas representando as quatro santas padroeiras da cidade e o Palazzo Reale.
No arquipélago das Ilhas Eólias a maior das Ilhas é Lípara famosa pela sua mitologia e património natural.
As suas pitorescas ruas conduzem-nos ao castelo, construído pelos espanhóis sobre uma antiga necrópole. No interior das muralhas do castelo situa-se a Catedral, o sítio arqueológico e o Museu. Este possui valiosas colecções dos objectos que foram encontrados na ilha e que remontam ao período pré-proto-histórico, até às épocas gregas e romanas.
A ilha de Lípara é encantadora, cheia de pequenas ruas e recantos muito bem tratados. Sente-se o orgulho das suas gentes na preservação desta pequena preciosidade.
Tem bastante animação e movimento e é impossível não fazer uma pausa para saborear uma pasta feita no momento, enquanto nos deleitamos com a paisagem que nos abraça e convida a ficar.
Seguindo viagem para circum navegar o célebre vulcão Strombóli em permanente erupção. Ao longe avistam-se algumas casinhas brancas, sobretudo de férias de gentes corajosas que convivem com o poderoso vulcão. As lavas escorrem montanha abaixo e o fumo expelido pelo vulcão formam um espectáculo único. Ali tem-se a sensação da dimensão humana comparada com a força da natureza.
Terminando a viagem com chave de ouro chega-se a Obia na Sardenha. Aí coabitam como que dois mundos. A Sardenha antiga e a moderna. Ao atravessar a zona rural passando pela vila de San Pantaleo avista-se um interessante e vasto conjunto de rochas esculpidas pelos ventos que nos conduzem ao Nurague La Prisgiona, uma torre fortaleza muito bem preservada.
A Baía Sardinia é convidativa para descansar e observar o Arquipélago de La Madalena visível desde aí.
Um passeio pela Costa Esmeralda mostra uma das mais belas costas do Mediterrâneo e é uma forma tranquila e relaxante de terminar a viagem.
Há um pensamento que diz: “Umas pessoas querem que aconteça. Algumas, gostariam que acontecesse. Outras, fazem acontecer” fazer acontecer esta viagem é possível seja qual for a motivação ou celebração.